Ministro comandou Alagoas por quase oito anos, enquanto as licenças de exploração de sal-gema eram concedidas à mineradora
Apesar de ser bem avaliado internamente, o Ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB/AL), corre o risco de cair com o avanço das investigações da CPI da Braskem, comandada pelo próprio pai, senador Renan Calheiros (MDB/AL). Isso porque as licenças de exploração de sal-gema continuavam a ser autorizadas à mineradora durante o período de quase oito anos em que o atual ministro governou Alagoas.
Como se não bastasse, as investigações podem reacender as acusações do inquérito 4.389, onde o pai é suspeito de solicitar R$ 1,2 milhão em doação para o PMDB, dos quais R$ 800 mil teriam sido destinados à campanha do ex-governador Renan Filho. Além disso, surgiu a notícia de que o ministro recebeu mais de R$ 4 milhões em indenizações para uma de suas empresas, localizada na região do afundamento causado pela petroquímica. O valor é muito superior à média recebida pelas demais vítimas.
De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF), durante a Operação Lágrimas de Sal, deflagrada em dezembro de 2023, as atividades de mineração desenvolvidas em Maceió durante a gestão de Renan Filho não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica para garantir a estabilidade das minas e a segurança da população. Ainda de acordo com a PF, há indícios de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade naquele época.
Diante desses elementos, membros influentes do governo Lula consideram o desgaste inevitável, sugerindo que o prudente seria “cortar na carne” e distanciar o governo dessas denúncias, evitando paralelos com a Lava-Jato e a CPI da Petrobras que contribuíram para a queda do governo Dilma. Por precaução, governistas de alto escalão preferem ver a queda do ministro e buscam no MDB do Senado um substituto com menos bagagem comprometedora.