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Enquanto Braskem arca com patrocínio milionário a casa mais vigiada do país, vítimas afetadas pelos afundamentos lutam por indenizações justas

Maceió experienciou em 2018 uma tragédia sem precedentes que literalmente afundou a vida de diversas famílias residentes nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol, desde então, a batalha judicial travada por estas famílias com a mineradora Braskem tenta dar conta de reparar, ao menos financeiramente, o prejuízo e as perdas causadas por anos de exploração de sal-gema (um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e do plástico PVC) no local, deixando abertas crateras que chegavam ao tamanho de um campo de futebol, além disso, ficaram as marcas dos traumas e a sensação de impotência diante das compensações que sequer cobrem os danos para as vítimas.

Naquele ano o tremor de terra com magnitude 2,5 na escala Richter deu início ao filme de terror que se estende até hoje e transformou parte de Maceió em uma “cidade fantasma” no meio da capital alagoana, mas somente no ano seguinte, em 2019 foi apresentado um laudo conclusivo elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) revelando a principal causa do surgimento das rachaduras: a atividade de mineração na extração de sal-gema da bilionária Braskem, que apesar de estar executando hoje o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, resultado de um acordo com as autoridades do estado e federais, tem pagado indenizações muito abaixo do valor das propriedades afetadas, em contrapartida, tornou-se dona dos bairros atingidos, o que proporciona um altíssimo lucro imobiliário.

Apesar disso, a mineradora fechou os olhos e ouvidos para as críticas dos moradores onerados e lançou um milionário patrocínio a um dos programas de maior audiência da maior emissora do país, o Big Brother Brasil, com o objetivo de promover (pasme) a sustentabilidade e, como alguns especulam tentar limpar sua imagem e elevar o valor de suas ações na bolsa mediante o silenciamento da mídia. Mas isto não passou em branco diante da população e das autoridades políticas do estado, que se manifestaram com duras críticas diante do que podemos considerar um verdadeiro escárnio com a sociedade.

A justificativa da empresa se apoia na promoção da consciência ambiental através do consumo consciente e o descarte correto de resíduos, enquanto isso, não apenas sonhos e planos de famílias inteiras afundaram e se entranharam nas rachaduras profundas causadas pela exploração desenfreada da empresa, mas os impactos ambientais foram inúmeros, tudo isto com o aval das autoridades públicas corroborados pela morosidade da justiça. Além de, até então, sequer assumirem a culpa pelos danos, deixam as vítimas no prejuízo financeiro em detrimento de elevar o brand da empresa e, consequentemente, garantir lucros bilionários para além do que já usufruem.

Em um país minimamente sério esta empresa seria banida do solo nacional e as vítimas devidamente compensadas, ao menos compensações materiais, já que não há como recuperar gerações de planos e histórias que ficaram enterrados nas crateras da cidade fantasma, evacuada graças à gana desta empresa facínora.

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