Lininho Novais
Em meio ao barulho cibernético das redes sociais, o que realmente significam aqueles pequenos corações vermelhos, aqueles polegares para cima? Nós nos encontramos em uma corrida sem fim, uma busca incessante por likes. Atrás desses pixels, somos atraídos para um labirinto de validação virtual.
Evoluímos para criaturas sociais, conectando-nos e comunicando-nos por meio de likes e emojis. Eles são os acenos de cabeça, os sorrisos, os aplausos de nossos tempos. Entendemos que são uma forma de aprovação, uma moeda social digital que, de algum modo, define o nosso valor.
Mas o que acontece quando começamos a medir nosso valor pelo número de likes que recebemos? Quando nossa autoestima passa a depender da quantidade de reações positivas que coletamos online? Quando uma foto sem likes suficientes nos deixa questionando nossa beleza, nosso talento, nosso valor? Quando a ausência de um coração vermelho nos deixa com um vazio interno?
É aqui que a busca por likes revela os vazios do ego. À medida que entregamos a estranhos o poder de definir nosso valor, começamos a esvaziar nosso senso interno de identidade. E, nessa busca, nos perdemos no vórtice de comparação e competição, permitindo que a ausência de um clique determine nosso humor, nossa confiança e, às vezes, nosso amor próprio.
Este é o paradoxo de nossa era digital: enquanto buscamos conexão e validação online, corremos o risco de nos desconectar de nós mesmos. Ignoramos a nossa voz interior, as nossas realizações e o nosso crescimento pessoal.
Mas talvez seja hora de reverter esse cenário. Em vez de contar likes, devemos nos concentrar em gostar de nós mesmos. Em vez de buscar a aprovação dos outros, precisamos buscar autoaceitação. Precisamos nos lembrar de que o número de likes não define quem somos.
Afinal, somos muito mais do que os likes que recebemos. Somos as experiências que vivemos, as pessoas que amamos, os sonhos que temos, as mudanças que provocamos no mundo. E isso, nenhuma quantidade de likes pode medir ou validar.
E talvez, apenas talvez, quando entendermos isso, o vazio em nosso ego começará a se preencher. Não com likes, mas com amor próprio, autoaceitação e um senso profundo de valor que não depende de aprovação externa.