Chegamos a mil dias de governo Bolsonaro, nem dá para acreditar que chegamos vivos até aqui, sério, não dá mesmo, pois não chegamos! Em mil dias muitos brasileiros foram levados pela fome, pela miséria, por um vírus mortal, estamos definhando nos quase dois anos e dez meses em que o país está nas mãos de um presidente incompetente, inútil, idiota que se auto intitula “incomível, imorrível e imbrochável”.
Em mil dias Bolsonaro conseguiu desintegrar todas as suas propostas de governo, mesmo assim alcançou números exorbitantes, a começar pelos quase 600 mil mortos por COVID-19, graças ao seu negacionismo incorruptível, sua soberba incomensurável e sua influência infesta, as vacinas demoraram a chegar, milhares de pessoas aderiram a um tratamento preventivo contestado pela comunidade científica internacional, o sistema de saúde colapsou, a corrupção inchou.
Sua rejeição é diretamente proporcional ao fracasso de sua gestão, um candidato que chegou prometendo equiparar o Brasil a países de primeiro mundo conseguiu o feito de elevar a inflação em 10% no período de 12 meses. Pagamos mais caro pelo gás, pela cesta básica, pela energia, pelo combustível. Seguramos toda essa barra com mais de 14 milhões de desempregados, com o triplo da população abaixo da linha da pobreza, agravada pela pandemia, sendo cerca de 27 milhões de brasileiro na miséria, temos um equino guiando uma limusine escangalhada.
No planalto desfila a figura caricata, autoritária, raivosa, mas que não impõe respeito, mesmo tentando a todo custo, a única imposição do dito cujo é que nada disso é sua culpa, ele não inventou a fome, não inventou o vírus, não inventou o desemprego, de fato, não se pode por a culpa dos problemas do país em um gestor que não trabalha, em uma equipe instável que se dissolve por picuinhas de quinta série, é bem esse cenário que vivemos, mil dias em um clima de sala de aula de uma turma do ensino fundamental.
A mula segue com as rédeas, e não quer tirá-las, a sensação é de um líder que não dá a mínima, sua única preocupação é manter seu título, assim consegue manter seus filhos, sua milícia, suas regalias, seu laranjal. Isso explica os desfiles que fará pelo país para comemorar seu caminho até aqui, lançando obras antigas, qualquer buraco tapado, qualquer ponte erguida, apertando mãos e dando tapinhas nas costas para ter e passar a sensação de que está cumprindo seu papel, reles ilusão, compartilhada com uma manada de gados que seguem cegamente um jumento.
A estratégia agora é se aliar ao centrão, em mil dias Bolsonaro conseguiu brigar com a maioria de seus aliados, muitos deles influentes politicamente e/ou na sociedade, o menino brigão da quinta série não quer ficar só. Enquanto o Brasil cobra respostas e providencias diante da catástrofe que estamos vivendo, Bolsonaro tapa os ouvidos com as duas mãos, põe a língua pra fora e zomba dos brasileiros, ele não quer resolver nada, ele quer mais mil, dez mil, quantos milhares de dias foram necessários para provar diuturnamente que não é necessário competência para chegar e se manter aonde ele chegou, basta ter aliados, aparentemente ele tem, poderosos, caríssimos, mas que pegaram na mão do garotinho birrento e o levaram consigo para a missão de afundar cada vez mais o país.
Parece vingança, 30 anos, 10.950 dias entranhado na política, beneficiando apenas a si e a seus parentes, não foram suficientes para Bolsonaro, mas precisou apenas de mil dias para se fazer um grande estrago, bem maior do que qualquer um que tenha feito esquentando a cadeira na câmara de deputados. Hoje temos um alucinado na cadeira mais importante do país, que tem a capacidade de apresentar o Brasil como uma das melhores economias emergentes do mundo para os chefes de estado na Organização das Nações Unidas (ONU) enquanto é barrado de entrar numa pizzaria dos EUA, pois ele e sua equipe se negaram a tomar a vacina.
Piada, sem graça, sem time, mil dias de sofrimento, de solidão, de descaso, será que aguentamos mais 10, 100? A cada dia parece mais difícil, estamos saindo de uma pandemia mortal, mas ainda temos o vírus bolsonaristacirculando pelo nosso país, apesar da rejeição ainda contamos com um exército tão alucinado quanto seu líder, que vive em conflitos com os outros Poderes, com a mídia, com o povo. Vamos comemorar os mil dias de luzes apagadas, comendo mal e sem sair de casa, pois não temos para onde ir. Enquanto isso a ânsia do presidente pela reeleição supera qualquer preocupação que ele possa cogitar ter com quem ele quer que o reeleja, o povo.