O Riacho Massayó tangenciava o povoado de mesmo nome, sua nascente partia do Poço Azul e desembocava nas águas salgadas e agitadas da Praia do Sobral, o riacho que atravessava as propriedades do escrivão da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Maceió, conhecido como Reginaldo Correia de Melo, se estendia pelo bairro do Poço até alcançar o Alto da Jacutinga, atualmente bairro do Farol, por essa travessia sua foz ficou conhecida como riacho Reginaldo e Rego do Pitanga nas proximidades do bairro da Pitanguinha.
O riacho de águas límpidas que recebia banhistas e até pescadores até sua mudança de curso em 1948 por conta da urbanização recebeu o nome de Salgadinho por receber as águas do mar em períodos de maré cheia e acabou se tornando uma chaga que atravessa 17 bairros de Maceió, recebendo as águas provenientes dos vasos sanitários, chuveiros, lavatórios de banheiro, banheiras, tanques, máquinas de lavar roupas, pias de cozinha e lavagem de automóveis, espalhando mau cheiro e pragas por onde passa.
Com o passar dos anos e sob o total abandono do poder público, suas margens se transformaram em terreno para pequenos casebres para a população de baixa renda, o que piorou a questão do saneamento básico e transformou o Salgadinho em um problema sério de saúde pública por ter sido transformado em um esgoto a céu aberto. Fatores como o desmatamento da vegetação nativa, a impermeabilização do solo e a explosão de poços artesianos particulares extinguiram a nascente do riacho que unidos ao crescimento habitacional descontrolado às margens do rio, geraram ligações de esgotos clandestinas agravando ainda mais a situação.
Programa Renasce Salgadinho
Entra gestor sai gestor, a resolução do problema do riacho Salgadinho não passa de promessas e inúmeros projetos tramitando em secretarias municipais e estaduais, a questão é usada como palanque político há anos, quem não se lembra do fatídico mergulho da ex-prefeita de Maceió, Katia Born, na tentativa de provar que o riacho havia sido “despoluído”, o fato se tornou parte do folclore da cidade e muitos ainda desacreditam, mas essa é a função do riacho para os governantes daqui, espetáculo político e promessa de campanha.
Agora sob os cuidados do atual prefeito de Maceió, JHC, a condição precária do riacho que já foi um dos cartões postais da cidade pode mudar. Orçado em mais de R$ 76 milhões, o programa Renasce Salgadinho vem com a proposta de desassorear e reurbanizar as margens do riacho e recuperar o meio ambiente que foi tão negligenciado e molestado pelo descaso do poder publico. Trata-se de uma obra estruturante que irá tratar do problema por completo e não apenas com medidas paliativas, contando com pelo menos 20 intervenções entre requalificação ambiental, melhorias no sistema de drenagem, recomposição do Salgadinho, e outros, melhorando a vida de cerca de 300 mil habitantes que vivem nos entornos do riacho.
A obra será monumental, a maior obra de saneamento básico já vista em Maceió. Marcelo Maia é coordenador executivo da unidade gestora do programa e explica que serão construídas “cinco estações elevatórias ao longo dos riachos que vão levar os efluentes para o emissário submarino, que serão tratados e devolvidos ao mar como deveria ser feito há muito tempo. Faremos também oito barreiras de contenção para evitar que os resíduos sólidos cheguem ao mar, entre outras intervenções que mudaram de fato a história do riacho Salgadinho”. Para sanar o problema do mau-cheiro a prefeitura também construirá jardins filtrantes, tecnologia de baixo custo e fácil manutenção para o tratamento do esgoto.
As obras não se limitam à recuperação do riacho, se estendem também para a recuperação da dignidade das pessoas que moram às margens e são prejudicadas pelos transtornos de um esgoto a céu aberto, além da recuperação das águas e da estrutura do córrego está prevista a criação de travessias, zonas de convívio, com calçadas requalificadas, acessíveis e bem iluminadas, além da pavimentação asfáltica adequada das pistas. As obras contemplarão, além do Salgadinho, a requalificação ambiental dos riachos do Reginaldo, Pau d’Arco, do Sapo, Gulandi e Águas Férreas. O projeto não apenas irá salvar o meio ambiente e recuperar um cartão postal da cidade que por muitos anos foi ponto de encontro e lazer na região, mas se estende ao benefício da população que contará com uma melhor qualidade de vida.
Este projeto é uma extensão monumental do que o prefeito JHC vem fazendo desde o início do mandato, que tem levantado equipes de limpeza para recolher entulhos no entorno do riacho, durante esse período, toneladas de lixo e dejetos como pneus, privadas, geladeira, fogões e até sofás foram retirados do local, a revitalização surge como algo efetivo que vai finalmente salvar a cidade de um dos maiores problemas que enfrentamos há anos.
