Nem só de Calheiristas vive a ALE/AL, os registros de candidatura à vaga de governador tampão de Alagoas começam a ser oficializados, e pasmem, ou não, a oposição está com gosto de gás em entrar na disputa. A eleição ocorrerá dia 2 de maio, portanto, as candidaturas devem ser oficializadas até 72 horas antes do dia do pleito e para ser eleito o candidato tem de ter maioria simples dos votos dos parlamentares da casa, missão dura para os opositores, que devem fazer uma espécie de campanha interna para convencer os parlamentares da casa e já anunciaram suas pré-candidaturas com a convicção de que seja algo simbólico, já que grande parte da ALE está do lado de Marcelo Victor, apoiador dos Calheiros.
Sendo assim, o cenário principal gira em torno de três figuras, o já dado por certo, Paulo Dantas, que apesar do seu longo histórico político e popularidade no interior do estado só pode contar mesmo em assumir o cargo no executivo em uma eleição indireta, considera-se pronto para a missão e pretende dar continuidade ao que foi realizado no governo de RF, naturalmente, já que sua aliança foi selada entre ele e Renan Calheiros Filho num encontro com o ex-presidente Lula, no qual comporão palanque aqui em Alagoas.
Davi Maia (União Brasil), que já declarou sua candidatura como um meio de movimentar a democracia mesmo numa eleição indireta, apresentando um contraponto e marcando presença no debate político. Sua experiência como gestor, apesar de não ter cumprido cargo executivo, é inquestionável, basta consultar seu currículo, foi assessor especial do gabinete da vice-presidência da Câmara dos Deputados, em Brasília; subcoordenador do Programa de Reconstrução do Estado de Alagoas pelo gabinete da Vice Governadoria e consultor de contratos e convênios pela Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), também atuou como secretário de Meio Ambiente e superintendente de Limpeza Urbana de Maceió, uma vasta experiência que o qualificaria para fazer um bom trabalho como governador tampão, porém, pegaria uma bomba deixada pelo ex-gestor e, talvez, sua experiência fosse tragada pelos covis deixados por RF e cobertos com uma fina camada de muita propaganda, deu pra entender?
Já Cabo Bebeto surge como o opositor mais ferrenho, mesmo que não tenha indisposições pessoais com Paulo Dantas, assume que sua trajetória política e seus ideais não abrem brecha para que ele apoie o candidato de Renan Calheiros Filho e Lula, sua candidatura confirma sua oposição à família Calheiros e, mesmo que conte apenas com seu voto, consegue sim movimentar o pleito e deixar claras as diretrizes de sua ideologia e trabalho na Casa Tavares Bastos, o deputado tem sido um dos principais denunciantes dos descasos dos Calheiros no estado, especialmente às vésperas da renúncia de RF, que inaugurou obras inacabadas como meio de alimentar sua propaganda na disputa pelo senado.
Temos um caso em que a oposição mesmo que maioria na disputa é minoria com relação aos apoiadores, o voto é aberto e, portanto, a troca de favores e compromisso dos parlamentares com os Calheiros deve ser honrada, caso contrário sabemos muito bem as reações que um motim pode desencadear, apesar do enfraquecimento dos clãCalheiros no estado, entre os eleitores, eles ainda possuem grande apoio entre os parlamentares o que enfraquece qualquer disputa interna e favorece os que fecham alianças com os clã dos coronéis. O questionamento que fica é se a (quase certa) vitória de Paulo Dantas na ALE vai proporcionar o vigor que os Calheiros precisam para se reerguer e refazer sua base que capenga se escorando em Marcelo Victor. Podemos ser surpreendidos com uma debandada do próprio Paulo Dantas e aliados caso ele agarre a cadeira do palácio dos Palmares, mas será que ele teria a audácia para enfrentar os Calheiros desta forma e matar a sede da oposição, seria uma reviravolta e tanto, mas fico aqui com os devaneios de um roteiro fictício da política alagoana. Enquanto isso, assistiremos a oposição reagir a cada passo do clã que tem roído Alagoas por décadas, e não pretende largar o osso.
Ainda não terminei, vale lembrar também que a oposição tem sido a maior responsável por investigar e trazer à tona escândalos do governo RF que em um país sério teria rendido diversas cassações e prisões, mas parece que esse povo se “banha em pinche” e escorrega de qualquer operação, investigação, intimação ou processo jurídico que encosta, é um fenômeno quase impossível de explicar sem recorrer a justificativas escusas. No mínimo revoltante para qualquer parlamentar que chega como minoria na tentativa de combater as raposas velhas que esmagam a democracia e levam a dignidade do povo junto, fica aqui o lamento pelas pouquíssimas chances de uma renovação no governo em curto prazo, mas vamos aguardar as majoritárias e rezar por um respiro de consciência do povo. Ainda não terminei…