Em Maceió, garoto chama atenção na Escolinha do Flamengo e recebe convite para ir a Xerém
Ezequiel da Silva Lima, de apenas 9 anos, é um garoto bom de bola que nasceu em Maceió. Quando defendia a Escolinha do Flamengo, ele chamou a atenção do treinador Klewerson Oliveira e começou a mudar a sua trajetória. Foi tudo muito rápido.
O professor disse que se encantou pelo talento do menino, um meia-atacante, e fez o convite para ele atuar nas equipes que comanda, primeiro no futsal e, depois, no campo.
O treinador trabalha atualmente em Maceió com o futsal do CSA e na Escolinha do Santos, “Os Meninos da Vila”. Logo depois de descobrir Ezequiel, ele recebeu uma ligação de um treinador da base do Fluminense, Tiago Lopes, em busca de jovens jogadores de Alagoas.
Klewerson disse que essa conversa entre o pessoal da base é comum. Quando há o interesse real de um clube, o contato acontece, independentemente da escolinha em que o talento esteja atuando.
De pronto, o treinador indicou Ezequiel, que, somente por seus vídeos de atuações , impressionou o Fluminense e foi chamado para fazer testes em Xerém. Passou na primeira avaliação e voltará ao Rio em junho, para o teste final.
Em entrevista ao ge, Klewerson contou como foi a sua reação quando viu Ezequiel jogando pela primeira vez e como foi o contato com o pai do garoto.
– O Ezequiel me despertou interesse no jogo que eu fui fazer pela Escolinha do Santos contra a Escolinha do Flamengo, onde ele atuava. Menino muito forte no “um contra um”, com uma leitura de jogo muito boa. No final do jogo, eu fui falar com o pai dele e, durante a conversa, o convidei para jogar futsal, já que ele não praticava a modalidade em nenhum lugar. Disse que isso poderia ajudar no seu desenvolvimento também no campo. Ele aceitou e, a partir daí, o menino virou meu aluno.
Klewerson explicou que Ezequiel não pôde ficar na Escolinha do Flamengo. Por isso, foi defender “Os Meninos da Vila”.
– Tempos depois, o pai dele veio me comunicar que o garoto não ia continuar na Escolinha do Flamengo e me perguntou se eu não conhecia um lugar para ele jogar. Foi aí que eu fiz o convite para levá-lo ao Santos. Ele é um jogador que chama atenção por onde passa, todos o elogiam, acredito que tem muito futuro.
O pai de Ezequiel, Celson Nascimento de Lima, contou ao ge como foi o impacto ao receber a notícia sobre o interesse do Fluminense pelo futebol do seu filho. Não era apenas uma escolinha, era o clube mesmo, um dos principais formadores de talentos no país.
– Sentimento de muita alegria. Há muito tempo eu tinha esse desejo de vê-lo fazendo um teste em um grande clube. Ele sempre foi muito elogiado pelas pessoas que viam jogar, mas eu queria ver se isso também aconteceria dentro de um clube, por profissionais do futebol que entendem, e isso aconteceu já dentro do Fluminense.
Origem humilde
A família do garoto tem uma vida difícil. A mãe, Jeane Lima, trabalha como operadora de caixa de supermercado, mas está desempregada. O pai é assistente de pedreiro na prefeitura de Coqueiro Seco. Ezequiel precisou até ganhar um presente da avó para jogar futsal.
– Ele tinha três anos, e a gente ainda não tinha condição de dar um tênis para jogar futsal. Então a avó dele vendeu o botijão de gás e comprou o tênis de futsal. Até hoje eu tenho ele guardado.
Sobre a expectativa e possibilidade de mudança para o Rio de Janeiro, Celson disse que pretende acompanhá-lo.
– Com certeza, eu moraria lá. Há muito tempo que estamos atrás desse objetivo, desse propósito, já abri mão de muitos trabalhos de carteira assinada para acompanhar o Ezequiel. Então, se for decretado mesmo, com certeza a gente vai se mudar com ele.
Teste em Xerém
A primeira parte da seletiva, realizada entre os dias 21 e 25 de março, no Rio, em Xerém, contou também com outros jovens, de vários estados do país. Lá, Ezequiel fez um bom teste e impressionou os olheiros. Dessa forma, o garoto foi chamado para uma segunda etapa de avaliação, agora com jogadores que já atuam na base do Fluminense.
O próximo período de avaliação está marcado para o dia 20 de junho, também no Rio de Janeiro. Para esta viagem, assim como na primeira, Celson conta com a ajuda de vizinhos e amigos para custear os gastos, desde a passagem até a estadia na capital fluminense.
– Nós estamos correndo atrás dos recursos ainda. Graças à prefeita aqui de Coqueiro Seco, eu consegui esse trabalho que possibilita acompanhar o Ezequiel e ganhar meu dinheiro. Chegando mais próximo da viagem, eu vou tentar marcar uma reunião com a prefeita para pedir algum tipo de ajuda, algum tipo de recurso que possa nos ajudar.
Fonte: Globo Esporte
