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O delírio coletivo das pesquisas eleitorais em Alagoas

A canção Fora de Ordem de Caetano Veloso é de 1991, mas nunca esteve tão atual. 

“Alguma coisa

Está fora da ordem

Fora da nova ordem 

Mundial”

A estrofe pode muito bem simbolizar os cenários de duas recentes pesquisas eleitorais lançadas em Alagoas. Para quem vem acompanhando o jogo político nos últimos tempos, uma breve análise de ambas dá a conclusão de que algo errado não está certo, e com razão. As pesquisas realizadas por institutos locais, realizadas em Alagoas e em Maceió, dão conta de números que, comparados, induzem à confusão e ao erro.

Basicamente temos uma pesquisa feita na capital onde se concentra cerca de um terço do eleitorado do estado, mas observamos números absurdamente distintos quando comparamos as intenções de voto de um mesmo candidato para o mesmo cargo nas duas pesquisas, a exemplo de Paulo Dantas, que aparece com 1,5% das intenções de voto para o executivo estadual na pesquisa de Maceió, mas conta com 20% na pesquisa realizada em todo o estado, os número não batem, parecem inflados.

O cerne da questão está em saber qual dessas pesquisas serve como instrumento sério para se utilizar nos trabalhos que envolvem uma campanha e qual delas está apenas alinhada à intenção de dar corda aos aliados. Asincongruências das pesquisas estão em dois aspectos, em âmbito estadual apresentam números inflados, fora da realidade, como se quem a encomendou olhasse na cara dos opositores e, batendo os pés em birra, gritasse “EU NÃO TE DISSE?”, porém essa tentativa desesperada em seduzir o eleitor, a mídia ou quem quer que seja só engana o ego de quem engole a própria história da carochinha. Não adianta impor dados, números, banners, outdoors mostrando pseudo-resultados positivos se a insatisfação, as críticas e amostras dos tropeços estão escancaradas por aí. Em nível municipal, me permitam a expressão “WTF?”, meteram até um completo desconhecido no meio de nomes com vulto em todo estado com as intenções de voto lá em cima, quem é Cícero Filho, meu filho?

Puxar candidato A ou B ao seu bel prazer, contrariando os fatos e as eleições anteriores é mentir para si mesmo, como Alfredo Gaspar, que acabou de passar por um segundo turno numa eleição para prefeito pode estar perdendo em intenções de voto para um deputado estadual que só tem base política em três cidades no meio dos 102 municípios alagoanos? Delírio ou desonestidade? Mistura tudo e transforma em pesquisa eleitoral. Onde este mesmo deputado supera um senador que obteve a marca de mais de um milhão de votos em sua eleição (para os desavisados, falo de Rodrigo Cunha)? São tantos questionamentos que descredibilizam a pesquisa que ela se torna descartável. 

Não é necessário entrar em detalhes para entender que pesquisas direcionam o trabalho de uma campanha, auxiliam marqueteiros, consultores políticos, comunicadores, facilitam alianças, busca de aliados e, no cenário atual, formações de federações, mas elas precisam de um ingrediente imprescindível, confiabilidade, credibilidade e congruência com a realidade. Não há necessidade de se tornar um analista de dados especialista para dar conta dos equívocos que envolvem duas pesquisas completamente fora da realidade.

Citando novamente o poeta, algo está fora de ordem, não apenas pelos resultados antagônicos, mas porque nenhuma das duas atende à realidade, no final, afogados em pesquisas que fervilham por aí, só sentiremos o gosto da rejeição e/ou aceitação no calor das campanhas, apesar de que já podemos ter um panorama por uma simples convivência nas redes sociais, o eleitor está com a língua mais solta do que nunca, mais solta até que os números que contemplam essa aceitação fictícia, as famosas “fanfics” conhecidas no mundo on-line atingiram finalmente as ferramentas de campanhas eleitorais, ultrapassam as fake News, agora tomam a posição de delírio fantasioso dos comandantes da política. Tá oss