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Afroempreendedores valorizam ancestralidade e reconhecimento da cultura africana

Mercados e Shopping Popular têm diversidade de comerciantes e produtos das religiões afro, cosméticos e vestuário
Afroempreendedores valorizam ancestralidade e reconhecimento da cultura africana
Ensaio realizado pela lojista Karla Marques para valorização da cultura afro-brasileira. Foto: arquivo pessoal
As ações empreendedoras de comerciantes de Maceió têm ajudado a promover a cultura afro-brasileira, valorizando o potencial do mercado e dando visibilidades aos profissionais negros e negras. O chamado afroempreendedorismo é possível ser encontrado em mercados e shoppings populares da capital.

No bairro da Levada, o Mercado do Artesanato é um dos pólos de valorização da cultura afro-brasileira. O permissionário Anthony Costa, da Casa Taeda, comercializa artigos com influência afro, utilizando técnicas como macramê, pintura em madeira, cerâmica e olarias. Anthony explica que um dos retornos do trabalho realizado por ele e o companheiro artesão, Alex Lima, é o reconhecimento e a autoaceitação do público nas peças produzidas.

“A gente já fazia peças de cultura afro e de religiões de matriz africana. E o afroempreendedorismo possibilita trazer produtos e empoderamento do preto, que é poderoso, mas muitas vezes é marginalizado. Hoje temos conseguido trazer a caracterização da cultura até nos bonecos de macramê, com miçangas de diversas cores. Uma criança se encontrou numa dessas peças e levou para casa”, conta o artesão.

No Centro da cidade, a lojista do Shopping Popular Karla Marques é uma entusiasta do afroempreendedorismo, com foco na valorização do corpo gordo. O trabalho dela é realizado há 10 anos comercializando roupas femininas. A loja ganhou investimento ao longo dos anos na estrutura dos camarins, mas também tem alto investimento em plataformas digitais, com vendas realizadas via e-commerce. Karla conta que, muitas vezes, há um descrédito de que ela seja uma mulher negra de sucesso.

“As pessoas acabam não associando que por trás disso tudo tem uma mulher negra, gorda e nordestina. Porque vêem o empreendimento e o sucesso da loja e já associam a mulheres brancas e magras, e isso acontece, principalmente, quando se trabalha com moda. Por isso, digo às mulheres negras: não desistam! Hoje faço tudo com muita excelência para ter um reconhecimento ainda maior”, afirma a lojista.

Karla Marques é afroempreendedora do Shopping Popular. Foto: Tatiane Gomes/Ascom Semtabes
Karla Marques é afroempreendedora do Shopping Popular. Foto: Tatiane Gomes/Ascom Semtabes

Secretário municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária, Maurício Filho, acredita que é preciso arrancar pela raiz os preconceitos estruturais da sociedade, sejam referentes à raça ou ao credo, já que o Brasil é um país miscigenado cultural e etnicamente.

“Historicamente sabemos da dívida social que temos com a população negra e é preciso extirpar ações como essa. Nos mercados e Shopping Popular temos uma diversidade de comerciantes e produtos disponíveis, voltados para as religiões afro, cosméticos e beleza, alimentos e vestuário. Temos realizado um trabalho voltado para a inclusão social e produtiva nos espaços administrados pela Semtabes. Dando garantias de infraestrutura aos locais, melhorando acesso e trazendo de volta os consumidores”, destaca Maurício Filho.

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