Usuários das residências são atendidos em unidades de saúde da capital, que realizam o serviço odontológico de forma humanizada e contínuo
A reintegração de doentes mentais graves na comunidade é uma tarefa a que o SUS se dedica continuamente. Para tanto, a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS) conta com o Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – Residências Terapêuticas ou simplesmente “moradia”. Mais do que um lugar para morar, as Residências Terapêuticas têm garantido mais saúde e dignidade aos pacientes através do serviço de Odontologia das Unidades de Saúde do Município que são próximas a esses locais.
Para proporcionar um novo sorriso aos pacientes das residências, as Gerências de Saúde Bucal e Atenção Psicossocial da SMS participaram de reuniões e webinários no início deste ano, onde puderam discutir estratégias para realizar o atendimento em saúde bucal de forma humanizada a este público.
Pacientes são atendidos nas unidades e nas próprias Residências Terapêuticas, por equipes de Estratégia de Saúde da Família. Fotos: Cortesia
A gerente de Saúde Bucal da SMS, Ducy Farias, destaca a importância de promover os atendimentos odontológicos na Atenção Primária às pessoas com transtornos mentais graves.
“É um trabalho em conjunto. Tanto os profissionais da Saúde Bucal quanto da Saúde Mental estão unidos para atender os pacientes das residências terapêuticas e proporcionar a eles o serviço odontológico da melhor maneira possível. A primeira porta de entrada ao paciente que tem transtorno mental é a Atenção Primária, e fazer esse acolhimento a todas as pessoas, sem exceção, é um avanço muito grande. Trata-se de um público diferenciado, no qual é necessário ter um cuidado especial com eles. Mas está sendo uma experiência exitosa, visto que quase todos os pacientes estão sendo beneficiados com o serviço”, afirma.
Durante os atendimentos, os pacientes das residências terapêuticas têm acesso a extração dentária, restauração, raspagem de tártaro, limpeza, aplicação de flúor, entre outros procedimentos. O serviço a este público é disponibilizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria Tereza Holanda (Ouro Preto), UBS José Tenório (Serraria), Unidade de Saúde da Família (USF) Paulo Oliveira Costa / UDA Cesmac (Farol) e USF São Vicente de Paula (Farol), onde os dentistas de cada unidade realizam o tratamento odontológico de forma humanizada e contínua, de acordo com a necessidade de cada paciente.
Para a gerente de Atenção Psicossocial da SMS, Roseane Farias, pessoas com transtornos mentais severos podem e devem usufruir de todos os serviços, como qualquer outro cidadão.
“A parceria com a Saúde Bucal tem sido muito importante, inclusive para desmistificar a ideia que pessoas com transtornos mentais em maior gravidade não possuem condições de sentar numa cadeira de dentista e fazer algum procedimento. Por isso, essa experiência foi fruto de muita orientação aos profissionais das unidades para que houvesse a inserção desse público em um consultório odontológico. Além disso, ela nos mostra que pessoas que têm um transtorno mental grave podem e devem circular nos serviços para realizar procedimentos de saúde como qualquer outro indivíduo”, destaca.
“É importante respeitar o tempo de cada pessoa. No dia que aquele paciente não está bem para realizar algum procedimento, é feito o reagendamento da consulta. Para nós, da Gerência de Atenção Psicossocial é um avanço, esse trabalho tem possibilitado o acesso à assistência em saúde dessas pessoas, que por muitos anos viveram internados em hospitais psiquiátricos e, consequentemente, tiveram a saúde prejudicada”, complementa.
Local de reintegração e acolhimento
Além de ser o local de moradia, as Residências Terapêuticas (RTs) têm a missão de preparar seus pacientes para serem reintegrados a um cotidiano normal. São nesses locais que pacientes egressos de longos períodos de internação em hospitais psiquiátricos recebem o acolhimento necessário para que possam resgatar a sua dignidade.
Atualmente, Maceió dispõe de sete residências terapêuticas, abrigando um total de 70 usuários egressos das clínicas Dr. José Lopes de Mendonça e Miguel Couto, e também do Hospital Portugal Ramalho. As residências integram a Rede de Atenção Psicossocial do Município, sendo administradas – por meio de convênio de cooperação – pela Associação de Usuários e Familiares dos Serviços de Saúde Mental de Alagoas (Assuma).
Em cada RT há uma equipe composta por cuidadores, cozinheiras, técnicos de Enfermagem e enfermeiros, que estão presentes no desenvolvimento diário de tarefas. O acompanhamento – clínico e psiquiátrico – contínuo é feito pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).