Entre quatro paredes, o prefeito JHC (PL) prepara sua reforma administrativa, trocando o comando e as indicações nas secretarias. Ele dará mais espaço aos vereadores, além de gente indicada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
Hoje, Jota não tem rivais na disputa pela reeleição. Mas este cenário mudará nos próximos meses quando os Calheiros e o governador Paulo Dantas (MDB) puserem mais nomes na praça, atraindo as atenções dos eleitores.
Por isso, desde já, o prefeito fechou acordo com as lideranças de todas as grotas em Maceió. É nelas onde os problemas sociais são mais evidentes. Por isso, lançou esta semana o Brota na Grota, levando 12 secretarias com programas de saúde a lazer. Este programa é semelhante ao Vida Nova das Grotas, executado no Governo Renan Filho (MDB).
O perfil socioeconômico dos moradores destas localidades é o mais frágil, comparado ao de outros habitantes da capital. É nas grotas, por exemplo, que se concentra o dobro de jovens entre 15 e 24 anos que nem estudam nem trabalham. Também nelas o número médio de anos de estudo dos moradores é o menor em toda a cidade. E pesquisas no Brasil mostram que, com mais tempo de escola, incluindo ensino superior, as pessoas terão mais liberdade para escolherem melhores condições de vida
A renda média do habitante de uma grota da capital é quase três vezes menor à dos demais maceioenses: R$ 477,83 contra R$ 1.008,76. Pouco mais da metade não tem carteira assinada, dependendo principalmente do Bolsa Família (30,4%), em segundo lugar de aposentadorias e pensão (25,8%).
Enquanto isso, outros personagens se mexem em busca de musculatura eleitoral. O União Brasil, por exemplo, é comandado em Alagoas por Arthur Lira. E o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça é inflado para ganhar mais poderes na legenda. Lógico: de olho nas eleições em 2024.
Ele terá mais expressão, por exemplo, que o senador Rodrigo Cunha, bem votado na disputa ao governo, mas que deve gastar sola de sapato com novos rumos até as eleições de 2026.
Há uma promessa para que Alfredo Gaspar vire destaque na reconstrução da imagem da direita, hoje associada a atos terroristas. Existem outros lados neste grupo, também com pautas conservadoras principalmente na segurança pública, objeto de interesse da extrema direita em todo o mundo.
Gaspar de Mendonça se desapegou dos radicais bolsonaristas mas não das bandeiras do lavajatismo:
“Os últimos acontecimentos em Brasília, com a mudança de foco das instituições, são a oportunidade perfeita para o desvio do dinheiro público e a concretização de outras mazelas pelos oportunistas de plantão”, disse no dia 10 deste mês, dois dias após golpistas destruírem prédios públicos na capital federal;
“Governo Lula revoga portaria que facilitava identificação de autor de estupro. Aumentarão a impunidade e o aborto criminoso”, na esteira das discussões sobre a saída do Brasil da Convenção de Genebra antiaborto;
“Da última vez, bilhões foram desviados. O dinheiro deveria ser investido no Brasil”, exibindo uma foto de Lula abraçado a Alberto Fernández, presidente argentino, na manchete do portal G1: Na Argentina, Lula diz que BNDES voltará a financiar projetos em países vizinhos.
O eleitor de Maceió é o mais conservador do Nordeste e Alfredo é conhecido nas urnas. Perdeu a eleição para a Prefeitura em 2020, mas foi teve extraordinária votação em Maceió para a Câmara Federal ano passado. É carta na manga de Lira.
Os Calheiros também se mexem. Oito prefeitos se filiaram ao MDB esta semana, esticando as chances de reeleição deles ou a indicação de aliados para as gestões municipais. Entre os filiados, Jorge Dantas, de Pão de Açúcar, que deixou o PSDB. Os tucanos de Alagoas estão prestes a voar para outros ninhos, seguindo uma tendência nacional do partido: o caminho rumo ao precipício.
Ainda no MDB, o prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, é sondado para trocar de partido. Mas terá de procurar uma legenda onde os Calheiros mandem menos, para não atrapalhar os planos da reeleição. Paulo Dantas e os Calheiros acompanham com lupa o andamento das investigações da Comissão Especial do Lixo, tocada pela Câmara de Vereadores da cidade, onde a maioria declara ser oposição ao prefeito. E o Ministério Público na cidade pediu a anulação da eleição da Mesa Diretora da Câmara. Os resultados desta mistura são imprevisíveis.
O vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) também está em campo. Ou melhor: foi a Brasília esta semana. Conversou com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o senador Renan Calheiros (MDB) e o ministro dos Transportes, Renan Filho. O PDT apoia a reeleição de Arthur Lira e Lessa também.