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Pasta da educação não passa de demagogia para o governo de Alagoas

Enquanto a educação no estado sofre com índices alarmantes, Renan Filho reduz os investimentos para aplicar em ginásios e estradas

Entra governo, sai governo, a situação da educação publica em Alagoas continua nebulosa. Ainda ocupamos o posto do estado com maior índice de analfabetismo do país, segundo dados analisados pela Agência Tatu e extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2019, 17,1% da população alagoana não sabe ler e escrever. Os dados contrapõem o discurso do executivo estadual, que usa sua principal ferramenta, a publicidade, para espalhar nas redes sociais e na mídia que a educação é prioridade da gestão.

Mais um dado surgiu recentemente para contestar a falácia do governo Renan Filho, o estado foi o segundo do país que mais reduziu as despesas com educação no primeiro semestre de 2021 em comparação com o ano passado. Mesmo com a receita do estado aumentando, principalmente devido à alíquota do ICMS que já bateu os 29% e com o crescimento da arrecadação de 9,7% no primeiro semestre deste ano, pesquisadores da Universidade de São Paulo divulgaram que as despesas com educação em Alagoas recuaram 42,5%, atrás somente de Goiás, onde as despesas recuaram 44,4% e quase seis vezes mais que a média nacional de 7,4%.

A chegada da pandemia e suspensão das aulas presenciais fez a administração publica relaxar, enquanto o dinheiro da arrecadação e dos recursos federais se acumula em caixa, as escolas, que deveriam ter sido reformadas e preparadas para receber os estudantes no retorno às aulas com o recuo da pandemia, estão à mercê da ação do tempo e do abandono. O descaso só foi agravado com a COVID-19, a valorização da educação no estado se limita ao discurso, na prática o cenário é bem preocupante. 

Os problemas partem de profissionais mal remunerados, professores que se afastam da sala de aula por problemas psicológicos, salas de aulas lotadas, falta de estrutura de som, salas sem climatização, quadro, carteiras e birôs sem condições de uso, quadras poliesportivas descobertas, violência em sala de aula, hora aula desgastante, altos índices de evasão escolar, entre tantos outros obstáculos que posicionam a educação de Alagoas nas piores posições entre os estados do país.

O empobrecimento da população e maior preocupação das famílias com a sobrevivência traz a tona a necessidade de afastamento dos jovens da sala de aula, principalmente em um estado onde a educação é negligenciada e posta muito abaixo do segundo plano, em especial num período em que o estado empurrou a educação publica com a barriga, sem levar em consideração os impactos que a educação não presencial causaria em uma população pobre e sem recursos, que se viu encurralada pela exclusão digital, afetando principalmente a educação básica.

Publicidade acima da educação

Enquanto os professores alagoanos sofrem com a 4ª pior média salarial entre os estados brasileiros (levantamento divulgado pela empresa Catho, nessa sexta-feira (15) – dia dos professores) ganhando cerca de R$ 2.550,29, o governo Renan Filho decidiu gastar mais de R$ 18 milhões com propaganda em plena pandemia. Um contraste revoltante diante de todos os problemas enfrentados pelo estado com a questão dos problemas na saúde, educação, da crise econômica e do aumento da pobreza. 

Isso só prova o descaso do governo com os principais setores da sociedade, enquanto a educação definha, os materiais de promoção midiáticos do governador estão em dia, o fascínio pelas selfies e lives rende uma receita extremamente onerosa para o estado. Mesmo sabendo que os recursos em caixa deveriam ser direcionados para assegurar o acesso dos estudantes às atividades remotas de ensino nada foi feito. Ficou nas mãos dos profissionais da educação “se virar nos 30” para dar conta da demanda, lidar com estudantes sem qualquer estímulo ou mesmo recursos para acompanhar o ano letivo, além de estarem extremamente sobrecarregados com a carga horária de ensino e acúmulo de trabalho fora do horário laboral.

Nada foi feito pelo governo em termo de checagem cotidiana da presença dos alunos, ou na disponibilização de ferramentas para aqueles estudantes que não dispões de equipamento para aulas on-line. Enfim, a educação foi menosprezada com o intuito de economizar e engordar o caixa do estado, sabemos bem qual a finalidade, o lucro veio de uma desgraça mundial para garantir a campanha dos esfomeados que estão no poder.

Calote antigo

Como já foi falada da publicidade latente do governo de Renanzinho, vale relembrar que a educação tem sido instrumento para engordar os bolsos do gestor há muito tempo. Em 2019 os deputados Davi Maia (DEM), Bruno Toledo (Pros) e Chico Tenório (PMN) criticaram o calote dado pelo governador ao segurar R$ 20 milhões que seriam destinados a 38 municípios que venceram a edição 2018 do Escola 10. Os municípios que alcançaram as metas pactuadas no Escola 10 tiveram a premiação anunciada em dezembro de 2018, mas depois de oito meses ainda aguardavam o repasse do recurso que ficou restrito apenas ao frisson das redes sociais e passaram a se mobilizar para aprimorarem a qualidade de ensino e superarem seus índices educacionais com recursos próprios. 

Atitudes como essa contrariam a meta do governo do estado em “crescer ainda mais nos indicadores educacionais”, como atingir essa meta sem investimentos e uma atenção especial a uma das bases sociais mais postade lado em Alagoas. Mesmo a promessa da educação integral falhou, em apenas dois anos, de 2015 para 2016, a queda do rendimento foi nítida, se em 2015 estávamos figurando na segunda colocação com 47% de presença, no ano seguinte Alagoas despencou para a quarta posição, com uma taxa de 26,5%, abaixo do Ceará, com 29,5%.

Alagoas também se manteve abaixo da média nacional e da região quando falamos de IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que apresenta a nota obtida no ensino fundamental (Anos Iniciais -AI e Finais – AF) e o ensino médio, nesse cenário não poderíamos esperar um resultado diferente. Em 2015, ficamos atrás apenas do vizinho Pernambuco, que ficou com 5,0, enquanto Alagoas registrou 4,7 nos anos iniciais, ficamos atrás também nos anos finais com a média de 3,5 contra 4,1(PE), e média 3,1 no ensino médio enquanto osalunos pernambucanos atingiram 4,0, acima da média da região e nacional.

Seis anos depois e a situação não mudou muito, ainda estamos nas piores colocações e, atualmente, só estamos melhores que o estado do Maranhão, que também capenga no quesito educação. Até o momento, a educação alagoana é instrumento de demagogia, e os investimentos se limitam a construções de ginásios, nem precisa fazer tanto esforço para entender o motivo de o executivo investir tanto em tijolo e concreto. Os recursos são poupados e desviados para setores que não implementam qualquer desenvolvimento para o estado, não adianta construir ginásios, estradas e hospitais sem dar a devida atenção à base.

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