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O vírus Bolsonaro agora é endêmico


Na ficção costumamos acompanhar histórias de vírus criados e desenvolvidos em laboratório com alguma finalidade visionária e aparentemente legítima, eles são jogados na sociedade por acidente e evoluem, o clichê é sempre o mesmo, os vetores são geralmente pequenos roedores, que revelam comportamento atípico e atacam algum ser humano desavisado e inocente, o vírus começa agir em seu corpo com sintomas inofensivos, como uma sutil queda de cabelo, uma mancha na pele, até corroer seu cérebro, transmutando-o em um morto-vivo raivoso e faminto por carne humana. 

Não precisa ser um cinéfilo ou leitor assíduo para identificar o enredo de um filme ou conto de horror que envolve zumbis, mas analise bem o que há por trás dessas histórias onde uma epidemia acomete milhares de pessoas que passam a agir em grupos, sem nenhuma capacidade de raciocínio, seguindo um comportamento de manada. Consegue perceber a semelhança com o mundo real? Trazendo para o contexto da política brasileira, o vírus mais recente que infectou toda uma nação e os transformou em zumbis sem qualquer capacidade de análise crítica chama-se Bolsonaro.

A história bate certinha, um ex-militar muito devotado e patriota tem o objetivo de se infiltrar na política para implantar seu plano de poder e consertar o país, mas fica na geladeira por cerca de 30 anos, evoluindo, reproduzindo, espalhando suas cepas, até o momento em que alguma ação sutil sua escapa, a mídia sensacionalista é seu vetor, e ela “morde” os telespectadores que a consomem. Sem qualquer imunidade, o brasileiro médio é infectado pelo patriotismo inflamado, pelo preconceito enraizado, pelo machismo e comportamento retrógrado, em muitos, isso é apenas agravado, os sintomas já estavam lá, a moral esdrúxula, os pseudovalores e as crenças populares, o vírus só precisou fortalecê-los, mas aí ele conta com um agravante que vai lhe causar uma mutação: o ódio ao PT faz o vírus evoluir, tornar-se mais forte, agora ele ganha voz em programas de grande repercussão nacional, muitos infectados são famosos e influenciadores, o vírus cresce cada vez mais.

Então, como em toda história de zumbis, um infectado atinge outro e o vírus se espalha até resultar em um exército de apoiadores cegos que irão bradar “sim senhor!” a cada palavra de Bolsonaro. Nos milionários o efeito do vírus é um pouco diferente, o dinheiro e o poder ainda os mantêm sóbrios e prontos para os benefícios que virão com a infecção generalizada do brasileiro, e eles trabalham para fazer com que o vírus evolua cada vez mais, alimentam o vetor para que o vírus estampe noticiários, capas de revista, sites e conteúdos virais nas redes sociais. Eis que em seu auge o vírus consegue empestear o país e se aloja em seu cérebro, o vírus Bolsonaro consegue chegar ao mais alto patamar e parece indestrutível, incurável, mesmo depois de esfaqueado.

Ledo engano, como em toda epidemia, temos quem a combata, se a mídia foi um dos principais transmissores do vírus, agora ela vai pelo caminho oposto. Reconhecendo seu erro e assistindo a destruição do organismo Brasil, a luta agora é criar meios de recuperá-lo. Mas o que ela não contava é que o vírus se enfraqueceria por si mesmo, de dentro para fora, o vírus foi criado nas coxas, sem projeto, aos cochilos, aos berros, ele tem uma carcaça rígida, mas podre, e ela começa a se esfarelar em escândalos, rompimentos, falta de planejamento e incompetência. Os antídotos são mais dolorosos que a infecção e os brasileiros começam a despertar do transe quando se enxergam sem emprego, afogados na miséria e na fome,pagando impostos cada vez mais altos enquanto os milionários gozam de benefícios, assistindo o país declinardia após dia e, depois de um tempo, acometidos e eliminados por mais um vírus, negligenciado e caçoado pelo vírus que nos acomete desde 2019. 

E assim chegamos a um ano eleitoral no qual a população foi curada de uma epidemia por uma pandemia, a epidemia brasileira aos poucos se transforma e endemia, e ódio pelo PT é amenizado pela necessidade de retomarmos os dias em que sofríamos de um leve resfriado. Bolsonaro cresce em desaprovação, a pandemia veio como uma vacina que ativou os cérebros dos zumbis, mas como sempre há aqueles que se recusam a reconhecer, normal, alguns zumbis são imunes à cura. 

Deixando as comparações fictícias de lado, voltemos à realidade. As pesquisas que norteiam a situação do país em um momento de preparação para as majoritáriasmostram as sequelas. O ódio ao PT ainda persiste em algumas camadas, lembra da endemia? Endemias ainda aparecem com frequência em um local ou outro, mas não se espalham. Em recente pesquisa, Bolsonaro consegue perder em todos os cenários contra o ex-presidente Lula, aquele mesmo que foi preso pelo juiz de estimação de Bolsonaro como uma tentativa de criar um cenário de perpetuação de poder da direita fajuta que Bolsonaro construiu.

Comparando um cenário em que Lula disputa as eleições apenas com Bolsonaro, o petista dispara com quase 15% de intenções de voto na frente do atual presidente da república. Jair Bolsonaro também alcançou a marca de 58,2% em desaprovação de seu mandato, aparentemente boa parte dos 54 milhões de zumbis foram curados. As inúmeras cortinas de fumaça, Fake News e polêmicas não foram suficientes para cegar o brasileiro diante da péssima gestão do presidente corrupto que se autodenominava incorruptível. Agora, para 41% dos brasileiros, a administração de Bolsonaro é péssima. Temos aí o primeiro caso de um vírus que involuiu e se transformou em um parasita.

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