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Para os Calheiros, o Estado de Direito só é celebrado quando atende aos seus interesses


O vai-e-vem da eleição para governador e vice tampão teve um desfecho nada favorável à democracia, depois de uma liminar emitida pela 18ª Vara Cível do estado através da juíza Ester Manso suspendendo o pleito por incompatibilidades legais, a afronta veio na sessão ordinária do dia 28, onde o deputado estadual Bruno Toledo (MDB), que presidiu a sessão, convocou os parlamentares para uma “sessão extraordinária” no dia 2 de maio, data da eleição, gerando uma denúncia por parte do PSB, partido que entrou com ação de suspensão, de que houve “descumprimento da ordem judicial” por parte da Casa de Tavares Bastos, por fim, após toda essa disputa, uma nova decisão judicial tomada pelo vice-presidente do Tribunal de justiça de Alagoas, o desembargador José Malta Marques, derrubou a liminar impetrada pelo PSB, de JHC, mantendo a eleição indireta para o dia 2, nos parâmetros do edital divulgado pela ALE/AL no diário oficial.

Trama resumida, vamos às reações. O ex-governador Renan Calheiros Filho não poderia estar mais feliz, saiu finalmente por cima, como de costume para o clã Calheiros aqui no estado, e exalta a decisão como “compromisso com os valores republicanos e democráticos”. Bem, pelo que se conhece dos coronéis Calheiros aqui no estado, a ultima coisa que eles são é republicanos e muito menos compactuam com a democracia, afinal, quem não se subjuga às suas regras e diretrizes, para citar os casos menos graves, é expulso de seus espaços e rechaçado até a tampa.

Quer exemplos? Lembra do imbróglio que os Calheiros causaram à Luciano Barbosa quando ele, na situação de vice-governador, decidiu deixar o cargo para concorrer à prefeitura de Arapiraca em 2020? Pois bem, Barbosa além de ter sido expulso do MDB por “desobediência” quase teve sua candidatura suspensa pelo TRE, enfrentou uma eleição sem recursos do fundo eleitoral nem padrinhos e não pode assumir de imediato, mesmo tendo vencido as eleições no segundo maior colégio eleitoral do estado, com 59 mil votos.

As especulações variam entre a mágoa de Barbosa com os Calheiros, por falta de apoio político na época da prisão de sua filha, até o argumento de que Barbosa sonhava em voltar para o executivo de Arapiraca, no mais, 40 anos como homem de confiança e aliado de primeira linha de Renan Calheiros foram postos em baixo do tapete da soberba do clã que não admitiu um de seus subordinados desviando de seus planos para consolidar seu reinado em Alagoas por mais alguns bons anos. O plano todos conhecem, RF entregaria o governo a um aliado para se candidatar ao senado, garantindo assim uma sucessão emedebista no poder. O plano foi por água a baixo, com o risco de um opositor assumir a Assembleia e governar nos meses restantes, frustrados e com sangue nos olhos, a única saída seria impedir judicialmente que Barbosa seguisse sua candidatura, nada democráticos.

O final da história todos conhecem, Luciano Barbosa foi liberado pelo Tribunal Superior Eleitoral para concorrer à prefeitura de Arapiraca, venceu o pleito e assumiu, os Calheiros por sua vez colocaram o rabinho entre as pernas, desistiram todos os esforços políticos e jurídicos para extirpar o ex-vice-governador de Alagoas e tentou até mesmo uma conciliação política para desviar das acusações de praticar coronelismo e atacar a democracia, agora o MDB  está cortando um dobrado para garantir sua supremacia em Alagoas através da máquina publica e tem colecionado vitórias e derrotas pelo caminho. 

O mais engraçado, para não dizer trágico, é um bando de coronéis, déspotas de ego inflado que tratam alagoas como seu curral, vomitarem discursos sobre Estado de Direito e democracia, democracia só quando serve aos seus interesses, caso contrário seus pets arrumam confusão nas redes acusando A e B de agirem como ditadores. Faz-me rir, aliás, faz-nos rir, nessa história o eleitor que é prejudicado, ridicularizado e enganado, a postura do clã Calheiros sempre foi a de Reis das Alagoas, e não no bom sentido, temos aí um Nero (pai) e um Calígula (filho) que assim como o imperador romano não passa de um filho “queridinho” e mimado, parte de uma família reverenciada, que combinava o glamour das celebridades com a monarquia e o culto à personalidade, assim vivemos aqui no estado, uma Roma capenga fadada a sofrer nas mãos de imperadores/coronéis tiranos.

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