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Debate entre candidatos ao Governo de Alagoas encheu linguiça com farpas

Um festival de incontáveis reviradas de olhos, assim nós telespectadores podemos definir o debate entre os candidatos ao Governo de Alagoas que ocorreu na noite desta quinta-feira, não há duvidas que a chuva de farpas pessoais e frases prontas proferidas repetitivamente causaram espasmos involuntários nas pálpebras dos telespectadores e os fizeram soltar ao menos um suspiro de tédio e insatisfação diante de uma hora e meia recheada de alfinetadas e escassa de apresentação de propostas.

Mesmo com as constantes repreensões do apresentador que praticamente implorou aos candidatos que se ativessem aos temas postos em discussão o pingue-pongue de acusações e ataques pessoais permeou todo o debate e deixou a sensação de que uma briga de turma de quinta série no meio da gincana dos jogos internos foi televisionada, um fiasco. Enquanto o candidato emedebista insistia numa tal cobertura de R$ 5 milhões  supostamente adquirida pelo candidato do UB e desenhava um itinerário de volta ao mundo sobre um veículo abastecido com R$ 500 mil em combustível o outro listava as artimanhas do tampão que saíram na mídia praticamente fornecendo as URLs para o telespectador.

Propostas? Bem, até que no começo tivemos um vislumbre do que Cunha pretende fazer caso eleito com relação à conta de água do alagoano com algumas críticas à concessão ou, como ele falou, privatização feita pelo governo de Renan Filho, mas da réplica em diante foi só ladeira a baixo, imediatamente a animosidade tomou conta do local, e foi um pedindo respeito a cada resposta enquanto o outro batia na mesa. Mas cadê os R$ 54 milhões de cá, cadê os R$ 54 milhões de lá, e o telespectador se viu no meio de um campo minado onde pra qualquer lugar que andasse uma bomba de repetição explodia e espalhava uma névoa de enfado, na metade já estávamos intoxicados, pedindo aos céus que aquela tagarelice acabasse, quem sabe muitos desligaram a TV no meio da coisa, pois já previam quais discursos seriam cansativamente repetidos ao longo das horas.

Mas não bastaram as réplicas e tréplicas, os inúmeros pedidos de resposta solicitados ao longo do debate empilharam mais chacota sobre os ouvidos do telespectador/eleitor, certo que é direito, direcionado a responder ofensas pessoais, mas contando que o debate se transformou numa ladainha de vizinhas encrenqueiras, choveu ofensinha e ofendidinho, propostas? Para que, se o Alagoano poderia assistir o capítulo de uma novela mais mal ensaiada que qualquer produção da Record, teve até crítica à faceta de porcelana dentária, o must da teledramaturgia política, se é que isso existe. Se não existia, inventaram, parecia o espelho do debate nacional, mas sem o velhinho simpático e o tiozão do churrasco, assistimos dois robôs que memorizaram toda e qualquer manchete que saiu sobre o oponente na mídia para verborreá-las durante todo o período destinado única e exclusivamente ao esclarecimento de propostas e apresentação de competência para gerir este estado decaído.

Mas de ladainha em ladainha a coisa seguiu, e teve farpas dando rasante na cabeça do eleitor que com certeza, terminou de assistir essa patifaria com a cabeça doendo de tanto tentar enxergar o cérebro por dentro, fazer o que? Vamos ao segundo turno.