Candidato ao governo de Alagoas pelo União Brasil afirma que tem disposição para dialogar com as duas frentes que disputam a presidência e se abstém de tomar um posicionamento diante da polarização
Se tem um importante ingrediente que tempera a sopa da política é a emoção, o eleitor brasileiro encara o processo eleitoral com certo frenesim, principalmente se já tem um posicionamento político definido e cobra, aporrinha seus candidatos para que tomem partido de A ou B, adequem seus discursos, abracem e deem tapinhas nas costas das figuras que eles (o eleitor) considerem adequados para assumir o posto.
É isto que Cunha tem ignorado, a emoção, o país está extremamente polarizado, embora Alagoas tenha praticamente dado o veredito de quem deseja no executivo federal e estadual, o segundo turno está aí para dar voz aos opositores e, quem sabe, o gostinho de uma virada antológica para os insatisfeitos com o resultado do primeiro turno, para tanto, Rodrigo Cunha teria de ter tomado partido, e não o fez, decidiu por escalar o muro e manter-se lá, aguardando de longe a chegada do novo, ou o mesmo, presidente da republica com o qual firmaria aliança caso conseguisse alcançar o Palácio dos Palmares.
Daí você vê a resposta do povo, em um breve passeio nas redes sociais do candidato do União Brasil, diversos bolsonaristas cobrando assiduamente que Cunha se posicione e garanta, por sua vez, o voto da parcela da população que rechaça o candidato de Lula e dos Calheiros em Alagoas. Eis que Cunha declara “meu lado é Alagoas”, louvável se você encara com a perspectiva de que um bom gestor teria competência e maturidade para se alinhar com quem quer que esteja ocupando a presidência, mas Alagoas atualmente tem dois lados, e um deles poderia virar o jogo para Rodrigo.
Fantasmas do passado o impedem de declarar abertamente seu apoio a Jair Bolsonaro, compreensível se analisarmos a vida pregressa do jovem que perdeu a mãe muito cedo por motivos políticos e lembrando que Bolsonaro foi contra a cassação de Talvane Albuquerque na época da fatalidade. Mas politicamente falando, é um tiro no pé manter-se imparcial num país repleto de parcialidades e num contexto eleitoral tão turbulento quanto o de Alagoas desde as eleições para escolha do tampão.
Rodrigo Cunha adota essa postura “nem nem” em um momento que deveria fincar os pés no chão como nunca, encher os pulmões e declarar-se definitivamente “OPOSIÇÃO!”, mesmo que para isso precisasse derrotar seus fantasmas e se aliar a Bolsonaro pensando em caminhar direto e sem ressalvas do segundo turno para a cadeira de governador de Alagoas. Neutralidade não tem garantido eleição, vimos candidatos bem convictos de seu posicionamento político e declarando apoio aos quatro ventos para o candidato que mais favoreça seu discurso e posicionamento e isso os tem levado onde querem chegar.
Mesmo com mais de 50% dos candidatos ao executivo estadual no país não terem declarado apoio a nenhum dos presidenciáveis no segundo turno, aqui no estado, como nunca, o povo só vai confiar voto para quem declara apoio, hoje temo em pauta um candidato de Lula e outro de quem? Ambos? Você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, lembre-se, Cunha, o muro é estreito, ou você se posiciona ou cai.