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Patriotismo contraditório: O 15 de novembro que reuniu atos pró-ditadura com clamores pela liberdade

O feriado que marca os 133 anos do Golpe Republicano que instituiu a republica presidencialista no Brasil foi marcado por manifestações em todo o país onde manifestantes vestidos com as cores da bandeira, saíram às ruas para protestar contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que ocorreu democraticamente no ultimo dia 30 de outubro. Ironicamente, em plena data em que ocorreu um golpe militar no Brasil, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), eleito também de forma democrática através das urnas eletrônicas em 2018, se aglomeram em frentes aos quarteis do exercito espalhados por todo o país clamando por uma intervenção federal a fim de impedir uma eleição democrática e já legitimada.

Mas isto não foi nenhuma novidade para os brasileiros que já encaram os acampamentos patriotas como parte da vida corriqueira, já que os insatisfeitos “abandeirados” manifestantes estão plantados por ali desde que o resultado das eleições presidenciais foi divulgado. Adornados pela bandeira do país e portando cartazes com os dizeres como “SOS Forças Armadas”, “as eleições foram roubadas” e “Supremo é o povo”, os atos ocorreram em pelo menos 13 estados sendo eles Brasília, São Paulo, Rio, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Campo Grande, Belém, Manaus e Aracaju. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília contaram com as maiores concentrações que reuniram milhares de pessoas.

A urna eletrônica é utilizada no país desde 1996, o equipamento desenvolvido por engenheiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do Exército, da Aeronáutica, da Marinha e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações tem sido utilizado há 26 anos no processo eleitoral como uma ferramenta poderosa contra vícios eleitorais e fraudes que ocorriam com muita frequência na época do voto impresso, além da confiabilidade e transparência, a celeridade na apuração dos votos é uma de suas características, sendo assim referência para o mundo em termos de processo eleitoral.

Porém, os manifestantes patriotas tem como uma de suas reivindicações uma possível fraude nas urnas, principalmente com relação a apuração dos votos realizados nos modelos mais antigos do hardware utilizados na eleições deste ano, mesmo com todos os testes de segurança devidamente realizados, os apoiadores do atual presidente exigiram relatórios por parte do exercito que atestassem a legitimidade do processo, o resultado foi um relatório que concluiu nada com nada e instigou mais ainda os manifestantes a manter montadas suas barraquinhas patriotas.

De canteiro em canteiro eles aguardam ansiosamente que qualquer uma das fakenews divulgadas pelo “zap” se tornem milagrosamente uma verdade, seja a prisão de Moraes, a fraude nas urnas, a tomada do STF pelas tropas militares ou mesmo a canonização de Bolsonaro, qualquer milagre que faça valer, que seja, mas qualquer coisa que impeça Lula de subir a rampa e garanta de uma vez por todas a realização de um terceiro turno ou a ressurreição da ditadura militar no país, o que parece contraditório já que muitos ali reclama da censura e cerceamento da liberdade pelo judiciário, mas clamam por nada menos que uma ditadura militar, estudar a história do país pelo visto não é um dos hobbys dessa moçada que hasteia inclusive cartazes com frases em inglês nas manifestações, talvez para atrair turistas, não se sabe, o interessante a se observar é a reivindicação completamente contraditória à reclamação, pedem liberdade com a instauração de um sistema que utilizada de tudo menos dela, vai entender o patriota.

No frigir dos ovos, o saldo que fica é a indumentária garantida para torcer pelo país nos jogos da copa do mundo e uma série de relatórios que só confirma o que já foi confirmado, Bolsonaro não foi reeleito e Lula subirá à rampa no dia primeiro de Janeiro. Enquanto isso, em Brasília, uma das maiores concentrações de manifestantes pró-Bolsonaro-contra-eleições-democráticas, recebe um temporal e se vê ilhada em suas barraquinhas alagadas pela chuva, talvez seja a natureza dizendo de uma vez por todas “Perdeu, cara. Não amola!”