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Em depoimento na CPMI do 8 de Janeiro, hacker afirma que Jair Bolsonaro o prometeu indulto para invadir urnas

O hacker Walter Delgatti Neto prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e, questionado ela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a prometer indulto caso o hacker fosse preso por invadir urnas eletrônicas e assumir um suposto grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Na ocasião, Delgatti também contou que teve um encontro com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) em um posto de gasolina, lá ela inseriu um chip segundo ele, “aparentemente novo”, em um celular e entrou em contato com o então presidente da República.

“Segundo ele [Bolsonaro], o grampo já havia sido realizado, com conversas comprometedoras do ministro, e eles queriam que eu assumisse a autoria desse grampo, lembrando que à época eu era o hacker da Lava Jato”, detalhou Delgatti aos parlamentares.

O hacker afirma ainda que Bolsonaro o contou que o grampo havia sido realizado por agentes de outro país e assegurou que, se caso alguém o prendesse ele mandaria prender o juiz responsável. Delgatti por sua vez concordou em assumir o grampo, já que se tratava de um pedido do Presidente.

“Após isso, a deputada [Carla Zambelli] me disse que eu precisava invadir algum sistema de Justiça, ou o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] em si, para mostrar a fragilidade do sistema”, relatou Delgatti.

Após isso, ele teria invadido os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de todos os tribunais do País. Delgatti afirmou também aos integrantes da CPMI que ficou por quatro meses na intranet do CNJ, de todos os tribunais e inclusive do TSE.

Delgatti confirmou ainda que esteve presente em duas reuniões que ocorreram no dia 9 de agosto do ano passado, uma delas com o presidente do PL, Waldemar Costa Neto, os advogados dele, o irmão e o marido de Carla Zambelli em que trataram de assuntos “técnicos”, outra com o marqueteiro Duda Lima, nessa eles teriam discutido meios para que a credibilidade das urnas eletrônicas fosse posta em cheque, com ações mostrando, por exemplo, que era possível apertar um voto e sair impresso outro.

Ele citou também uma reunião que teve com Bolsonaro, Zambelli, o ajudante de ordens do presidente Mauro Cid e o general Marcelo Câmara para discutir a fragilidade das urnas e, segundo o hacker, Bolsonaro lhe garantiu que receberia um indulto se fosse preso por ações relativas à urna eletrônica.

Completa que o ex-presidente fez o pedido para que Marcelo Câmara levasse Delgatti ao Ministério da Defesa para conversar com os técnicos, ele afirma que ao todo foi cinco vezes ao ministério. Inicialmente, seria ele o responsável por inspecionar o código-fonte das urnas, porém o acesso era vetado aos servidores do ministério que, por sua vez, iam até o TSE e repassavam informações para o hacker.

O hacker confirmou também informações dadas em depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira (16) de que recebeu uma quantia de cerca de R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli pelos serviços prestados. Esse montante teria sido entregue pelo motorista da deputada e a parlamentar ainda lhe ofereceu um emprego, mas lhe enviou os valores até que o emprego fosse viabilizado.

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