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Crítico de acordo com a Braskem, ministro recebeu indenização… da Braskem

Em maio, Renan Filho, dos Transportes, recebeu 544 mil reais e entregou imóvel em Maceió que ficava em área atingida pelo afundamento 
O ministro dos Transportes, Renan Filho –  (PMDB/Flickr)

Crítico do acordo fechado entre a prefeitura de Maceió e a empresa Braskem, responsável pela extração de sal-gema que colocou trechos da capital sob risco de colapso, o ministro dos Transportes e ex-governador de Alagoas Renan Filho é um dos beneficiários das indenizações pagas pela própria petroquímica. Uma empresa do político e de sua esposa recebeu 544.000 reais por ter um pequeno imóvel no bairro Pinheiro, uma das regiões evacuadas por conta do afundamento. Há outros 16.999 imóveis na área do desastre.

Adversário político do prefeito João Henrique Caldas, conhecido como JHC, Renan condena o acordo fechado pela Braskem com o Executivo municipal e que prevê, entre outras coisas, “quitação plena”, “irrevogável” e “irretratável” de futuras obrigações relacionadas à extração de sal-gema. Em paralelo, a companhia também tem pagou pelo menos 17.800 indenizações a pessoas físicas afetadas pelo desastre geológico.

Quais são as críticas ao acordo com a Braskem?

Para o ministro, a empresa e o poder público não poderiam ter fechado a um acordo desde já porque “não tem sentido fazer um acordo pecuniário enquanto todas as pessoas da região não forem indenizadas”. Segundo ele, a negociação entre prefeitura e Braskem poderia, por exemplo, aguardar as investigações da comissão parlamentar de inquérito (CPI), que dificilmente iniciará os trabalhos este ano e da qual seu pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), é um dos maiores defensores. “Ainda tem comerciante que tinha posto de gasolina, supermercados, lojas, tudo isso fechou. As pessoas não foram devidamente indenizadas”, afirmou.

Ele não vê contradição no fato de ter recebido a indenização após o imóvel de sua empresa ter sido transferido para a Braskem. “Eu fui obrigado a sair, eu fui o último a sair da área, no final de 2022. Eu não tive interesse em sair no início, eu só saí obrigado da área. Quem mandou as pessoas saírem foi a defesa civil municipal. Eu sou a vítima”, disse a VEJA.

Nesta terça, o governador alagoano Paulo Dantas, aliado de Renan Filho, se reuniu com o presidente em exercício Geraldo Alckmin e pediu que a Advocacia-Geral da União (AGU) atue na coordenação dos pagamentos devidos por conta do desastre ambiental. Medição da Defesa Civil de Maceió aponta que a região explorada pela Braskem hoje afunda 0,27 cm por hora.

Por Hugo Marques/ Veja