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Renan Filho, quando os maceioenses contarão com sua mea-culpa no caso Braskem?

A quem interessa todo o descaso e omissão nutridos ao longo de mais de cinco anos diante da tragédia causada pela mineradora Braskem que acometeu os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Mutange, afundando pelo menos 40 centímetros do solo e pondo em risco a vida de pelo menos 40 mil pessoas? Bem, trata-se de uma pergunta retórica, visto que os Alagoanos lembram muito bem quem estava na gestão estadual à época do estopim dos afundamentos e, inclusive, defendeu a permanência da mineradora no estado, sem que as ações das autoridades afetassem sua operação.

Agora as minas estão se convertendo em pólvora e explodindo em baixo das casas dos maceioenses novamente, para lhes refrescar a memória, já que para prejudicados por esse crime ambiental não há necessidade, eles são relembrados diariamente, Renan Calheiros Filho agiu em defesa da empresa e isto veio à tona em um momento novamente propício, já que a mina nº 18 está prestes a colapsar, causando novamente o pânico dos remanescentes daquela região.

Vale lembrar do exato discurso do ex-governador e atual Ministro dos Transportes do Governo Lula: “Não vou permitir aquilo que ocorreu em Mariana e Brumadinho e a partir daí criar as condições econômicas para a Braskem continuar sua exploração, desde que não seja em área pública. Pelo que fui informado previamente, há espaço para a Braskem exercer a mineração em áreas não urbanas, que é o ideal”.

“Eu defendo a continuação das atividades [da Braskem] desde que não prejudique o meio ambiente e as pessoas. Existem áreas não habitadas no estado que permitem a atividade de mineração da empresa. A Braskem vai descontinuar a atividade de cloro-soda, que é o que diretamente depende da sal-gema. Vamos discutir com a mineradora, a manutenção do funcionamento das entorses para garantir a geração de emprego”.

Fala estas contrariadas quando o Ministro conversou com a mídia ao visitar Maceió para acompanhar as ações para mitigar os impactos causados pela exploração de sal-gema no subsolo da capital alagoana. O discurso da vez de Renan Filho é que o motivo pelo qual ele não firmou acordo indenizatório com a Braskem à época em que era governador do estado é que os moradores não haviam sido indenizados justamente,

Mais um ponto a ser questionado, unindo o útil ao desagradável, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas já haviam alertado para os riscos de afundamento há mais de uma década, é possível encontrar publicações científicas que tratam do caso datadas do ano de 2010, de acordo com texto publicado esta semana no site da universidade “Um estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International mostrou que a exploração do sal-gema pela Braskem estava provocando aumento do nível do lençol freático na região. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo”.

Além disso, em estudo publicado na revista científica Engineering Geology, em 2011, a estimativa de pesquisadores foi de que o afundamento poderia atingir até 1,5 metro em algumas áreas da cidade. Uma tragédia anunciada e devidamente omitida pelo governador que chegou bem a tempo de tomar medidas para frear as explorações e evitar a tragédia pela qual Maceió está passando, uma tragédia com todas as características de crime ambiental fomentado e acobertado pelas autoridades.

Vale lembrar que dentre os inúmeros interesses que permeiam essa situação e sustentam a impunidade da mineradora entram também os políticos. Sabe-se que Renan Filho recebeu em sua primeira campanha para governador do estado, em 2014, uma doação de R$ 320 mil de da Braskem e R$ 829 mil da Odebrecht, controladora da mineradora.

Porém agora o então Ministro defende uma CPI para apurar o caso e federalizar a investigação, porém, e obviamente, com interesse de gerir o gabinete de crises, ou o interesse é novamente encobrir a empresa que desde sempre vem sendo tão generosa com sua carreira política? Bem, novamente uma pergunta retórica, que tem resposta, ou inúmeras respostas, vai de cada especulador. Uma coisa é certa, a força motriz que mantém a Braskem operando no estado e causando tanta tragédia aos maceioenses é pura e simplesmente a ganancia política de um dos algozes do estado, novamente os Calheiros e sim, Renan Filho é um dos principais culpados disso tudo e, assim como a Braskem, deveria responder pelo crime ambiental sem precedentes que assola a capital alagoana.

“O apego ao dinheiro é a raiz de todos os males”.

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