Em 1969, centenas de pessoas morreram e mais de mil desapareceram, em São José da Laje, durante a enchente pelo Rio Canhoto, que também tirou vidas, inundou ruas nos municípios de União dos Palmares, Branquinha, Murici e Rio Largo, provocando uma das maiores tragédias de Alagoas. Aquela foi a terceira enchente. Antes, as mesmas cidades haviam sido castigadas nos anos de 1914 e 1941.
Aquele mesmo povo e alagoanos de cidades como Quebrangulo, Paulo Jacinto, Viçosa, Cajueiro, Capela, Atalaia, Pilar, Santana do Ipanema, São Miguel dos Campos, Matriz do Camaragibe, Jundiá e Jacuípe, também sofreram com severas enchentes nos anos de 1988, 1989, 2000, 2010, 2022 e 2023.
Nove tragédias que passaram a ser anunciadas, sem que ninguém fizesse nada. As indústrias da enchente e da seca vêm destruindo vidas, famílias inteiras e alterando o futuro de milhares de alagoanos, sem que os “líderes” políticos nada façam para evitar. Enchente em Alagoas virou uma espécie de moeda eleitoral. Uma fonte bilionária de gasto com o dinheiro público.
A tragédia que agora castiga o Estado do Rio Grande do Sul também fez estrego semelhante por lá, em 1941. Lá e cá, o silêncio covarde dos omissos tem um nome: rabo preso ao sistema.
Como em tudo há exceções é louvável olhar com outros olhos o posicionamento da deputada estadual Fátima Canuto, que no ano passado articulou uma importante audiência pública na Assembleia Legislativa. Técnicos, pesquisadores, professores e engenheiros como Wellington Lou e Alex Gama mostraram que é possível, através da engenheira, evitar novas tragédias e, aproveitando o volume das águas do inverno, garantir irrigação o ano inteiro, principalmente para os agricultores familiares. Os projetos estão prontos. Nada avançou.
Agora é a vez da prefeita de São José da Laje, a novata Ângela Vanessa, quebrar o silêncio e procurar por socorro. Através de ofício acionou seu parceiro, ninguém menos que Arthur Lira, presidente da Câmara e uma espécie de primeiro-ministro do Brasil.
Duvido que as barragens não saiam do papel em breve. Não pelo empenho solidário ou pelo dever ético da profissão (de político). Será uma vitória contra os maus costumes da velha política.
A deputada estadual Fátima Canuto e a prefeita de Ângela Vanessa, por enquanto, estão do lado da minoria. Vale um registro ao prefeito Renato Filho, do Pilar, que no ano passado também pediu providências, sem que fosse ouvido. Dois prefeitos, de 102. O que dizer?
Alguém mais?
Por Wadson Regis/ AL1