O governo de Paulo Dantas encerra o ano sob acusações de calotes que têm exposto fragilidades administrativas e financeiras da gestão estadual. A crise ganhou destaque após o jornal Extra divulgar que a Equatorial Energia cobrou publicamente o governo pelo atraso no pagamento do fornecimento de eletricidade a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), situação que gerou indignação e ampliou as especulações sobre o equilíbrio das contas públicas.
O caso, porém, é apenas a ponta do iceberg. Em novembro, este blog já havia denunciado outra inadimplência: a dívida da Polícia Civil com a BRK, responsável pelo fornecimento de água. A pendência foi, inclusive, reconhecida oficialmente no Diário Oficial, o que evidencia a falta de recursos ou de planejamento no cumprimento dos contratos essenciais.
Empresas de grande porte, como Equatorial e BRK, têm se sentido seguras o suficiente para tornar públicas suas cobranças. No entanto, o mesmo não se aplica a fornecedores menores, que, receosos de retaliações por parte do governo estadual, evitam se manifestar. Muitos deles atuam, inclusive, na Secretaria de Saúde, onde os débitos acumulados são significativos. Há relatos de empresários que aguardam pagamentos há meses, mas já perderam as esperanças de receber o que lhes é devido ainda neste ano. O receio de represálias contratuais mantém um silêncio generalizado, enquanto a prestação de serviços segue comprometida.
Diante das denúncias e da crescente insatisfação, o secretário de Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, ainda não se pronunciou sobre os atrasos. A ausência de explicações aumenta o desconforto entre credores e agrava o clima de desconfiança.
Disse empresário que preferiu não se identificar com a seguinte frase: “Lá não paga ninguém…”
Enquanto a situação financeira do Estado se deteriora, o governador Paulo Dantas parece distante da realidade administrativa. A postura do chefe do Executivo, descrita em tom irônico como “flanando por outras paragens, rindo porque rico ri à toa”, em referência aos versos de Vinícius de Moraes, tem gerado críticas nos bastidores políticos e empresariais.
Os calotes expostos por grandes empresas e o silêncio de fornecedores menores configuram um cenário de inadimplência crônica. O desfecho desse imbróglio financeiro ainda é incerto, mas promete assombrar o início de 2024 com cobranças mais incisivas e uma crise que o governo dificilmente conseguirá ignorar.