Enquanto a saúde pública e outras secretarias enfrentam dificuldades financeiras em Alagoas, a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) parece caminhar em uma direção oposta. Somente no mês de dezembro, a Setur recebeu um reforço financeiro de R$ 25,18 milhões para fechar suas contas. A quantia foi liberada em duas parcelas: R$ 23,6 milhões em 20 de dezembro e outros R$ 1,58 milhão em 27 de dezembro.
Os recursos têm como destino principal o financiamento de réveillons de luxo, eventos badalados e exclusivos que se tornaram marca registrada no estado. O retorno para a secretaria? Cláusulas contratuais que garantem ingressos gratuitos para os organizadores e representantes envolvidos.
Essas festas de alto padrão são conhecidas por sua exclusividade e pelo elevado custo dos ingressos, o que naturalmente restringe o acesso da população em geral. Esse contexto reforça a percepção de que eventos financiados com recursos públicos acabam atendendo a uma parcela elitizada da sociedade, distante das necessidades e prioridades da maioria.
No mesmo dia em que foi liberada a segunda parcela do montante, o governador Paulo Dantas promovia uma reunião com o secretariado para reforçar a necessidade de economizar nas contas públicas. No entanto, a prática evidencia que nem todas as áreas seguem essa orientação de austeridade. A Setur, ao que parece, é uma das exceções.
A contradição entre o discurso de contenção de gastos e a destinação de verbas milionárias para festas privadas gera questionamentos sobre as prioridades do governo estadual. Enquanto isso, áreas essenciais como saúde, educação e assistência social continuam enfrentando desafios, em muitos casos, com pagamentos atrasados e serviços precarizados.
A pergunta que ecoa é: qual o real benefício dessas festas-ostentação para a população alagoana? E, sobretudo, até quando a gestão pública vai priorizar o luxo em detrimento das necessidades básicas da sociedade?