Uma das empreiteiras contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para reconstruir a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que desabou no dia 22 de dezembro, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), já esteve envolvida em um escândalo de corrupção. A Arteleste Construções Ltda foi flagrada em 2010, quando um de seus representantes entregou propina a um dirigente do próprio Dnit, segundo investigações da Polícia Federal. Mesmo com esse histórico, a empresa foi contratada sem licitação por R$ 171,9 milhões para a reconstrução da ponte, cuja queda resultou em 17 mortes. A contratação foi formalizada no Diário Oficial da União no dia 31 de dezembro.
De acordo com denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2016, o pagamento de propinas era uma prática já estabelecida pela Arteleste. Em outro caso investigado, a empreiteira ofereceu subornos em troca de um contrato para reformar a Ponte Felipe Guerra, localizada no Rio Grande do Norte, que cruza o Rio Assú pela BR-304. Assim como na ponte Juscelino Kubitschek, as obras na Felipe Guerra foram contratadas sem licitação, sob justificativa de emergência, por R$ 13,7 milhões na época — o equivalente a R$ 31,7 milhões em valores atualizados.
O pagamento de propina foi flagrado pela Polícia Federal em 4 de novembro de 2010, no estacionamento de uma churrascaria em Natal (RN). Na ocasião, um representante da Arteleste entregou o dinheiro em espécie, dentro de uma bolsa, a um dirigente do Dnit. Esse flagrante expôs um esquema que envolvia acordos ilícitos entre a empreiteira e agentes públicos.
Agora, a contratação da mesma empresa para reconstruir a ponte que desabou reacende questionamentos sobre a transparência nos processos emergenciais e os critérios utilizados pelo Dnit para escolher seus fornecedores. Em meio às mortes e à tragédia, a presença de uma empresa com histórico de corrupção levanta preocupações sobre possíveis irregularidades no uso de recursos públicos e na gestão de obras de infraestrutura.