A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, em andamento no Congresso Nacional, decidiu convidar o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e seu secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva, para prestar esclarecimentos sobre a situação da violência no estado — que figura entre os mais violentos do Brasil. O convite, aprovado por unanimidade pelos membros da CPI, busca compreender as causas do avanço das organizações criminosas no Nordeste e as supostas falhas na política de segurança pública alagoana.
Segundo dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Alagoas voltou a registrar crescimento nos índices de homicídios e crimes violentos, após alguns anos de queda. Esse aumento coincide com denúncias sobre disputas entre facções que atuam dentro e fora do sistema prisional, além de suspeitas de infiltração de grupos criminosos em contratos públicos e forças de segurança. Parlamentares da CPI afirmam que esses elementos colocam o estado no centro das investigações sobre a expansão do crime organizado no país.
Flávio Saraiva, delegado de carreira e homem de confiança de Dantas, deve ser questionado sobre as operações recentes que miraram integrantes de facções locais, mas também sobre os possíveis vínculos de agentes públicos com o tráfico de drogas e armas. Já o governador Paulo Dantas será cobrado a explicar a falta de investimentos estruturais na segurança, as denúncias de ingerência política na Polícia Civil e os atrasos em projetos de modernização do sistema prisional.
Nos bastidores da CPI, há quem enxergue o convite como uma forma de pressionar o governo alagoano, acusado por adversários de mascarar os números da violência. Para os investigadores, Alagoas representa um retrato emblemático da fragilidade das políticas de combate ao crime organizado em estados do Nordeste — um desafio que, segundo especialistas, exige mais do que operações pontuais, mas uma profunda reformulação na forma como se enfrenta a criminalidade e se administra o sistema de justiça criminal no país
