Maceioenses relatam os reflexos da inclusão nos trabalhos que realizam desde crianças
Acesso a oportunidades de trabalho, estrutura digna para produzir e conseguir cuidar da sua família. Foi no Centro Pesqueiro de Maceió que a marisqueira Cícera Cristina conseguiu mais espaço para trabalhar com aquilo que aprendeu ainda criança. Hoje aos 44 anos, ela tem orgulho de seguir os passos da mãe.
Aos sete anos, quando morava na antiga favela do Jaraguá, Cristina aprendeu a reconhecer o pescado, pegando a produção dos pescadores que vinham do mar direto para as balanças do local. Aos poucos, a lida diária que envolvia sua mãe, também se transformou na sua profissão. “Me sinto muito realizada. Agradeço a Deus e à minha mãe que me ensinou. Muitas mulheres trabalham aqui também e nós somos muito respeitadas”, afirma a marisqueira.
Casada com um pescador e mãe de um casal de filhos, Cristina trabalha na sala da secagem do pescado onde é realizado o processo de salgar o peixe. Ali ela trata o material e faz filé do pescado, comercializa dentro do centro e também fornece o produto para empresas do interior do estado. “Aqui nós dependemos apenas do que a gente trabalha e trabalhamos para nós mesmas. A minha filha também está no ramo e comprou uma embarcação e sai para vender. Tenho muito orgulho de fazer algo que minha mãe me ensinou”, ressalta.
Administrado pela Secretaria Municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Semtabes), o Centro Pesqueiro garantiu melhores condições de trabalho para Cristina e tantas outras marisqueiras do local. “Melhorou 100% a venda porque os clientes não têm mais medo de entrar. Eles conhecem e olham o nosso trabalho. Aqui temos água disponível para lavar, tem mais higiene. Ficou tudo de bom”, alerta.
As melhorias que o Centro Pesqueiro trouxeram para os pescadores e mariqueiras também é vista em outros equipamentos públicos, como mercados e feiras livres da capital.
“Cada vez que investimos em reformas, em melhorar a estrutura desses locais, estamos investindo na qualidade do trabalho para esses trabalhadores. Por isso, é tão importante o que temos realizado através da gestão do prefeito JHC. Estamos investindo na vida das pessoas, estamos fazendo a diferença principalmente para a inclusão produtiva daqueles que acabam ficando à margem, os que mais precisam”, explica o secretário municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária, Carlos Ronalsa.
Realização pessoal
As políticas de inclusão produtiva também refletem no cotidiano da artesã Dja Marques, que faz parte do grupo de Economia Solidária InovArt. Nos pontos de comercialização disponibilizados pela Semtabes para a economia solidária, ela vende o que produz e garante que sua arte em renda renascença e tramas experimentais consiga chegar a outras pessoas. “Quando comecei a trabalhar com a renda renascença, nem pensava em comercializar. Há dois anos eu vi uma forma de garantir uma renda extra. É uma delícia fazer isso e eu me realizo. Eu vejo na outra pessoa e penso: ‘fui eu quem fiz'”, afirma a artesã.
Dja é pernambucana formada em Letras e quando veio para Maceió procurou a área técnica de artes manuais. Começou a trabalhar com renda renascença em 2008. Hoje possui um canal na plataforma do YouTube e ensina outras mulheres a trabalhar os pontos da renda renascença.
“Nós fomos preparadas para sermos ‘donas de casa’ e ter um rendimento para ‘não aperriar o marido’, assim minha mãe dizia. A renda antigamente era feita às escondidas e um belo dia eu chego e espalho a renda para os quatro cantos do mundo. Agora tem outras mulheres fazendo e já ganhando dinheiro. Eu ensino para derrubar tabus porque nós somos poderosas! Quando a gente quer, a gente faz acontecer”, ressalta a artesã.