A inércia é conceito da física onde os objetos têm uma tendência natural em resistir a alterações em seu estado original, de repouso ou movimento, e essa tendência só pode ser alterada pela aplicação de uma força externa. Assim é Alagoas, um corpo inerte no repouso, resistimos às mudanças, historicamente repousamos sob a autoridade dos coronéis que reinam nos quatro cantos do estado e que perpassam gerações, transferindo suas coroas para filhos e netos, é uma genealogia do descaso que fincou raízes profundas, difíceis de extirpar.
O coronelismo na política alagoana é um assunto velho e carcomido, mas em um ano de majoritárias onde as forças externas finalmente decidem atuar para tirar Alagoas desse estado mecânico infausto, é importante celebrar a alternância de poder. Entendemos a partir da aliança Arthur Lira e Rodrigo Cunha, que o cenário pode progredir e finalmente entrar em movimento. São mais de 30 anos de Calheiros, um dos sobrenomes que imperam na “província” alagoana, trazendo a sensação de que estamos presos no obscurantismo feudal, não há progresso.
Apesar das críticas e apostas de que Cunha possa estar embarcando no prestígio que Arthur Lira tem conquistado politicamente para alcançar o executivo estadual, pouco se fala da união de forças de um novo grupo que vem com o intuito de renovar a carcaça política do estado que estásendo tomada pelo ferrugem da velha política calheirista, isso constrói um novo rumo para a alternância administrativa, não de poder, o poder nesse caso carrega o peso do despotismo, e isso deve ser rechaçado em uma democracia.
Aí chegamos ao ponto, o cerne da democracia, a soberania é popular, o poder não pertence aos ocupantes do governo, mas sim a quem os elege, é um lugar vazio preenchido periodicamente pelos representantes dos cidadãos, caso não cumpram o que lhes é delegado para representar, o poder lhes é revogado. E assim deve-se seguir o sistema, algo que é surpreendentemente novo em nosso estado, mesmo que a democracia seja oriunda de tempos longínquos, estamos começando a entender essa luz que paira sobre nossos olhares e sendo instruídos a como utilizar esse poder nas urnas para destronar os tiranos que ferem nossos direitos fundamentais.
Portanto, não existe escanteio quando se fala da Relação Cunha x Lira, é uma parceria que abre as portas da esperança para que o alagoano experimente se livrar, pelo menos em uma leve porcentagem, do carma do coronelismo, estamos sendo sugados desde que nos entendemos por gente, enquanto o país deixou de ser colônia seguimos acorrentados e chicoteados. Em pleno século da liberdade e inovação, alternância é fundamental, com ela conseguiremos aos poucos encontrar as chaves que irão destrancar os cadeados e direcionar Alagoas para os trilhos do desenvolvimento, mas aquele desenvolvimento que favorece o povo, o principal mandatário da democracia.